BlogBlogs.Com.Br Naftalina - Porque a paixão esteve muito tempo guardada: agosto 2008

domingo, 17 de agosto de 2008

O Fim do America

Karl Marx uma vez disse que o motor da história é a luta entre classes sociais. Nos anos 80, com o fim da Guerra Fria, a derrocada da URSS e a queda do paredão que separava as Alemanhas, um escritor do lado capitalista escreveu (Francis Fukuyama) "O Fim da história". Uma nítida catucada ao pai do pensamento comunista, socialista, marxista... Segundo ele, no capitalismo não haveria espaço para a luta de classes.




Como tudo me leva a relacionar idéias com o America, levanto a questão: Será o fim do America?




Toda paixão clubística, no futebol, é o que faz um Clube viver. A Paixão seria o motor dos clubes de futebol. E Paixão é o que não falta a nós, rubros. Mas no AFC vejo algo diferente dos demais... O que não posso explicar com palavras. A língua portuguesa possui bilhões de verbetes, nenhum expressam o sentimento de ser americano. Talvez os flamenguistas sintam o mesmo pelo Flamengo; o gremistas, o mesmo pelo Grêmio; os banguenses, o mesmo pelo Bangu.

Seria o motor do AFC, esse sentimento inexplicável?
Com certeza, estamos no fundo do poço mais fundo da nossa história. Em comum com a URSS, a cor vermelha. Belfort Duarte seria nosso Karl Marx. Nosso muro de Berlin seria a eleição que está próxima. Nosso muro precisa cair! E quem vencer, precisa colocar em prática o BELFORTISMO. Amar o America, onde ele estiver. Ajuda-lo a subir, e manter firme a cor do pavilhão dentro do nosso coração.

Pelo bem do AFC. Para renovar as engrenagens do nosso motor.







* * * - Esse post me inspirou a escrever o Manifesto Belfortista.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Grande!?

Achei este texto, em meus arquivos bagunçados, muito esclarecedor do Celso Unzete, de 2006. Jornalista que admiro muito...
Pra movimentar esse blog, pois o cheiro de Naftalina já está enjoando

Onde mora a grandeza?

A ressurreição do América carioca, finalista da Taça Guanabara após duas décadas de ostracismo, faz ressurgir uma velha questão do futebol: o que caracteriza um time grande? Se são as atuações do presente, o simpático Ameriquinha, ao alcançar uma colocação à frente de Fluminense, Vasco e Flamengo, acaba de voltar a sê-lo. Se são as glórias do passado, nunca deixou de sê-lo.

Além de campeão “de 13, 16 e 22”, como lembra a letra do hino do clube, composto pelo genial músico americano Lamartine Babo, o time ganhou também os Campeonatos Cariocas de 1928, 1931, 1935 e 1960, totalizando sete títulos estaduais. Foi ainda campeão da Taça dos Campeões, um torneio organizado pela CBF que reuniu 16 dos principais clubes do país no hiato entre o final do Brasileiro e o início da Copa do Mundo da Espanha, em 1982. E teve um sem-número de jogadores de destaque no futebol nacional, do legendário zagueiro Belfort Duarte, nos anos 10, ao ponta-de-lança Edu, o irmão de Zico, entre as décadas de 60 e 70.

No entanto, depois de ser semifinalista do Campeonato Brasileiro em 1986, o América nunca mais brilhou. Até chegar às semifinais da Taça Guanabara deste ano e, na última quarta-feira, colocar 7 mil pessoas no Maracanã — público raríssimas vezes obtido, por exemplo, pela Portuguesa, em São Paulo, a equipe com a qual o time carioca sempre foi comparado ao longo de sua história quando o assunto era a baixa popularidade de ambos.

Onde mora, então, a grandeza? Trata-se de uma questão internacional. Quando o Vélez Sarsfield do goleiro paraguaio Chilavert ganhou a Libertadores e o Mundial de Clubes, em 1994, lembro-me de ter acompanhado uma polêmica na revista El Gráfico, da Argentina, sobre o surgimento de um “sexto grande”. Porque grandes, para eles, os argentinos, sempre foram: a dupla Boca e River; a dupla Independiente e Racing; e o San Lorenzo de Almagro, que, a despeito de não ter até ali nenhuma conquista internacional, sempre gozou dentro de casa de muita torcida e tradição. A ascensão do Vélez, àquela altura, subvertia essa lógica. Tradicional equipe de bairro, o Vélez Sarsfield sempre esteve mais para Juventus da Mooca que para Corinthians, mais para Bangu que para Flamengo. Pelo que sei, nossos vizinhos não conseguiram chegar a um consenso sobre o assunto até hoje. Até porque, anteriormente, em 1968, o Estudiantes de La Plata também havia sido campeão mundial, sem que ninguém ouvesse articulado um movimento para sua “promoção” como este para o Vélez.

Recentemente, o jornalista Flávio Gomes, na ESPN Brasil, às vésperas do último jogo entre Corinthians e Portuguesa, defendia, a despeito da duradoura má fase da Lusa, o tratamento daquela partida como um clássico. Segundo ele, o que caracteriza um clássico — e não só no futebol, mas na música ou no cinema, por exemplo — é a tradição pregressa no confronto, e não necessariamente o momento bom ou ruim pelo qual uma ou as duas equipes passam. Nesse contexto, o da história embutida, Corinthians e Portuguesa é, sim, um clássico. Mas Corinthians e São Caetano jamais. Essa tradição no confronto conta tanto que transcende, até, a grandeza bilateral para caracterizar o clássico. Santos e Portuguesa Santista, Juventus de Turim e Torino, Barcelona e Espanyol fazem incontestáveis clássicos locais, sem que seja preciso dizer quem é maior e quem é menor em cada um desses confrontos.

Concordei em 100% com o Flávio até ouvir uma observação de outro amigo jornalista, Roberto Benevides. Lembrou-me o Bené que, um dia, os jogos dos atuais grandes do Rio de Janeiro contra o São Cristóvão também foram considerados clássicos. Até o dia (ou os dias, a época) em que o outrora glorioso São Cri-Cri, campeão carioca de 1926, apequenou-se de vez. Gerações passaram e vieram sem considerar o São Cristóvão na ordem do dia. E eu passei a entender que, além da tradição embutida, um clássico (ou um time grande) têm também a obrigação de mantê-la. Ou de, de tempos em tempos, reavivá-la, como o América está fazendo agora.

Celso Unzete em sua coluna no Yahoo!Esportes

Celso Unzete é jornalista, corinthiano roxo e faz parte do programa "Loucos por futebol" da ESPN Brasil