Nesta paixão vivo há 21 anos
há 21 anos vivo esta paixão
a paixão me vive há 21 anos.
Sou torcedor
sofredor
sonhador
aflito, nervoso, esperançoso, saudosista.
Onde está, que sumiu, meu divino rubro manto?
cintilante, colorado, apaixonante
vibrante como era em outras épocas
entre disputa de títulos, finais, campeonatos.
O Andaraí onde está?
E os gatos pingados da turma de Campos Sales?
E os olhos marejados que vislumbravam
o ultimo suspiro de vitória, em 82?
Estou rico de esperanças e sonhos
trá-lá-lás nas arquibancadas e cadeiras especiais
levavam o time à batalha, além da tijuca, além da baixada
Sou todo um emaranhado de veias em pleno vapor
já coloquei safenas, liguei pontes... ah, o amor.
Que transpira, que respira, que nos atira
pro gramado
palco verde da pura vermelhidão
torcida, testemunhas.
Onde estão Flexa, Edu e Alex?
Luizinho, Ivo, César e Jorge?
Pompéia voando rumo à constelação?
Time dos sonhos não realizados
na já diminuta, porém triunfante,
tuna rubra.
Ficamos, isso é certo, por demais tempo parados
ter fé no que vier, ajudar com o que puder
no futuro ano, que no dia primeiro será iniciado.
Se os jornais não nos legitima
criemos uma rede de rubro-notícias
mensagens levarão nossas vontades
de time guerreiro, de time com coragem.
O rádio pode espalhar, com maior facilidade pelo ar
o hino de Lamartine e antigos-cansados torcedores
ao estádio irão retornar.
O America pode ser isso.
O America pode ser muito mais.
Belfort sorri, se acusa, e ele tinha razão:
subir de maneira digna, sem favores da federação.
Rio, rubro, paixão
perdeu o charme, a antiga taça
Como ser a mesma sem o primeiro campeão?
Com sua licença, Primeiro Campeão da Guanabara.
Rio, onde torcer parece uma reta por outros traçada.
Não quero ser torcedor da moda, nem ser mais um na massa.
Ser um contigo, ó America
é prêmio ou pena? Às vezes não sei
Se te canto em verso, ou te verso em prosa
felicidade transborda, dá gosto rubro ser
Nossas tristezas são passageiras.
Mágoas deixaram marcas, ficamos experientes.
Quem foi que disse que na vida...
dá para ser o tempo todo contente?
No incessante desejo de torcer.
Torço, quase sempre, sem saber
que torcer é mais que vibrar, também é amar
respirar paixão.
Que um America novo nasça em janeiro.
e que esqueça seu recente passado de lágrimas
que mude essa realidade, que vivo há 21 anos.
E precisamos de alegrias.
De gritar é campeão
Que seja em 2009.
Que seja na segunda divisão...
[inspirado em Elegia carioca, de Carlos Drummond de Andrade]
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