Um amigo me desafiou: Faça a análise comunicacional da da Copa União, de 1987!!!
Bem... Não sei se tenho tamanha competência, mas me arrisco e petisco.
Todos nós, americanos, sabemos muito bem a história da Copa União. De 3º colocado no Brasileirão de 86, para o rebaixamento [na caneta] do torneio de 87. Ao meu ver, foi um erro não participar de nenhuma competição em 87. Protestássemos, mas disputássemos a segunda divisão. Se tivemos time para chegar às semi-finais de 86, porque haveríamos de ficar de fora da disputa do título da equivalente segundona em 87? Irracionais, nós fomos.
Mas me apego em autores da comunicação para explicar a exclusão do America da Copa União. Theodor Adorno e Max Hokheimer, ilustres pensadores da Escola de Frankfurt, formatam o conceito de Indústria Cultural. Resumidamente, a cultura se torna um produto, consumível*. O futebol, levado em conta que está enraizado na nossa cultura, é tragado pela Indústria Cultural. E justamente nos anos 80, onde o neo-liberalismo político e econômico toma as rédias das movimentações culturais dos países latinos, acontece a intervenção dos meios de comunicação na cultura, seja no carnaval, seja no futebol, seja no cinema...
Visto que, em campeonatos nacionais anteriores, os times de grande torcida penavam para chegar às colocações mais altas, a mídia vê uma oportunidade de "melhorar" o produto futebol. Não interessava a rede de TV que transmitia os campeonatos, jogos envolvendo Guarani, Bangu, America, Brasil, Operário e Joinville, por exemplo. Não era lucrativo. Lucro na Indústria Cultural é o combustível.
Formar um campeonato com os 16 clubes que reuniam as maiores torcidas do Brasil transforma o "espetáculo" mais uniforme. Não é a toa que temos as maiores médias de público na história de competições nacionais. Todo jogo é casa cheia. Isso padroniza as transmissões, as torna exemplos de ordem. O retorno do público consumidor é visível. Médias de audiência positivas gabaritam a decisão da Indústria Cultural.
America, Bangu, Guarani, Sport não fazem falta, no ponto de vista consumista. A cultura futebolística brasileira recebe um grande golpe, a Indústria Cultural vence.
* ADORNO, Theodor. A indústria cultural. IN: COHN, Gabriel. “Comunicação e indústria cultural”. São Paulo: Ed. Nacional, 1977. p.287
Bem... Não sei se tenho tamanha competência, mas me arrisco e petisco.
Todos nós, americanos, sabemos muito bem a história da Copa União. De 3º colocado no Brasileirão de 86, para o rebaixamento [na caneta] do torneio de 87. Ao meu ver, foi um erro não participar de nenhuma competição em 87. Protestássemos, mas disputássemos a segunda divisão. Se tivemos time para chegar às semi-finais de 86, porque haveríamos de ficar de fora da disputa do título da equivalente segundona em 87? Irracionais, nós fomos.
Mas me apego em autores da comunicação para explicar a exclusão do America da Copa União. Theodor Adorno e Max Hokheimer, ilustres pensadores da Escola de Frankfurt, formatam o conceito de Indústria Cultural. Resumidamente, a cultura se torna um produto, consumível*. O futebol, levado em conta que está enraizado na nossa cultura, é tragado pela Indústria Cultural. E justamente nos anos 80, onde o neo-liberalismo político e econômico toma as rédias das movimentações culturais dos países latinos, acontece a intervenção dos meios de comunicação na cultura, seja no carnaval, seja no futebol, seja no cinema...
Visto que, em campeonatos nacionais anteriores, os times de grande torcida penavam para chegar às colocações mais altas, a mídia vê uma oportunidade de "melhorar" o produto futebol. Não interessava a rede de TV que transmitia os campeonatos, jogos envolvendo Guarani, Bangu, America, Brasil, Operário e Joinville, por exemplo. Não era lucrativo. Lucro na Indústria Cultural é o combustível.
Formar um campeonato com os 16 clubes que reuniam as maiores torcidas do Brasil transforma o "espetáculo" mais uniforme. Não é a toa que temos as maiores médias de público na história de competições nacionais. Todo jogo é casa cheia. Isso padroniza as transmissões, as torna exemplos de ordem. O retorno do público consumidor é visível. Médias de audiência positivas gabaritam a decisão da Indústria Cultural.
America, Bangu, Guarani, Sport não fazem falta, no ponto de vista consumista. A cultura futebolística brasileira recebe um grande golpe, a Indústria Cultural vence.
* ADORNO, Theodor. A indústria cultural. IN: COHN, Gabriel. “Comunicação e indústria cultural”. São Paulo: Ed. Nacional, 1977. p.287
4 comentários:
Belo post , Diko. Não há como não ser saudosista. Não acabaram, mas transformaram o Carnaval (desfile das escolas de samba) e o Futebol... em novelas.
Novelas são produtos mais fáceis para que o consumidor da Indústria Cultural acompanhe. A vida virou um folhetim.
Muito bom o teu texto, cara!
Eu concordo. Sou Botafoguense, mas não compactuo com essa idéia de tentar tirar América, Bangu, Operário, entre outros clubes que fizeram história, do cenário nacional.
Postar um comentário